
O laudo do acidente entre ônibus e um caminhão que deixou 42 mortos na rodovia em Taguaí (SP), no dia 25 novembro do ano passado, apontou que não foi identificada falha nos freios do ônibus. A perícia completa foi revelada no Fantástico neste domingo (21).
Para a polícia e em entrevistas, o motorista Mauro Aparecido de Oliveira havia falado que não tentou ultrapassar outro veículo no trecho onde era proibido e que, segundo ele, houve uma falha mecânica.
“Não tem como falar que o freio não falhou porque o freio falhou. Porque na hora que eu mais precisei, que eu pisei pra segurar mesmo, o freio não seguro”, disse Mauro.
Novas informações, contudo, revelam detalhes do acidente na rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, no interior de São Paulo. Peritos do Instituto de criminalística de São Paulo analisaram a estrada e não acharam buracos ou qualquer outra deformação na pista que pudessem ter provocado o acidente.
Os peritos verificaram também os freios do lado esquerdo do ônibus e desmontaram as rodas do lado direito para uma checagem completa.
A conclusão do laudo oficial foi de que: "mangueiras, válvulas e demais componentes estavam íntegros e não foram encontrados vestígios que indicassem falha no sistema de freios".
“Na verdade, infelizmente nesse acidente houve uma falha humana”, explicou a delegada Camila Rosa Alves.
Em uma curva onde é proibido ultrapassar, o ônibus conduzido por Mauro
Aparecido de Oliveira estava atrás de outro ônibus e de um caminhão. Na curva, o ônibus que estava à frente foi um pouco para o acostamento.
Mauro diz que foi naquele momento que ele pisou no freio. “Não havia falha no freio. Houve uma ultrapassagem em local
proibido de fato, que foi uma ação deliberada do motorista”, detalhou a
delegada. Na pista contrária havia outro caminhão, que tentou sair da estrada.
Naquele momento, o
ônibus estava a 89 quilômetros por hora. Com a batida, a lateral do caminhão se desprendeu e, como se fosse uma
faca, "rasgou" o ônibus. O motorista do caminhão morreu na hora, 41
passageiros que estavam no ônibus também morreram e 10 ficaram feridos. Todos
iam para o serviço. O acidente aconteceu exatamente às 6h35 da manhã. A maioria das
vítimas tinha saído da cidade de Itaí e ia trabalhar numa fábrica de roupas
em Taguaí, a 40 quilômetros de distância. “Haverá um conflito probatório nos autos e vai caber obviamente ao juiz
discernir essa questão. Nós temos testemunhas que comprovam que não houve, por
exemplo, uma ultrapassagem.” O advogado deve pedir o perdão judicial, ou seja, que a Justiça deixe
de aplicar a pena, caso Mauro seja condenado. “O Mauro, no momento que está vivendo sob intenso sofrimento, sob
medicação. E havia uma relação subjetiva de afetividade com todos os
componentes do ônibus. Isso favorece o perdão judicial.” “Os pneus do veículo estavam carecas. Não foi decisivo no acidente, mas
comprometia a segurança dos passageiros”, afirmou a delegada. Em nota, o advogado da Star Turismo disse que a manutenção dos ônibus
era realizada semanalmente e que a empresa ainda não foi notificada sobre a
suspensão da autorização para fazer o transporte intermunicipal As vítimas trabalhavam para 3 empresas que funcionavam na mesma fábrica
de roupas. Segundo a polícia, os donos contrataram a empresa de turismo e devem
ser indiciados por colocar a vida dos funcionários em perigo. O
Fantástico procurou o advogado das empresas da fábrica de
roupas, mas ele não respondeu. O inquérito policial deve
ser concluído em breve e encaminhado ao Ministério Público. Sobreviventes e parentes dos mortos estão recebendo acompanhamento
médico e psicológico, para tentar superar o trauma. Segundo as investigações, o motorista do ônibus levava
e trazia os trabalhadores de uma cidade para outra havia 8 anos. Além do resultado da perícia, que mostra que o freio não falhou, a
polícia usa outra prova, que é a constatação do local do acidente para afirmar
que a versão do motorista não é verdadeira. No depoimento, Mauro alega que não desviou o ônibus para a direita
porque pensou que aqui havia uma ribanceira, só que no trecho não há
ribanceira. Como Mauro fazia o caminho todos os dias, ele conhecia bem o percurso,
a investigação aponta que o motorista do ônibus poderia ter desviado para a
direita. Informações: G1 Defesa
nega
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