Para especialistas ligados ao setor, medidas chegam tarde e campanha ampla para conter consumo seria mais eficiente e barata do que programa de desconto

O pronunciamento do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi visto ontem com ceticismo por representantes da indústria e parcela importante dos grandes consumidores de energia elétrica. O setor considera que o risco de racionamento é real, embora afete uma fatia pequena, de 6% da carga. “Tudo depende da chuva, mas a chance de racionamento hoje está sendo avaliada entre 10% e 30%”, declara em reserva ao blog um dos principais representantes da área.

Nesta terça-feira, Bento Albuquerque afastou a possibilidade de racionamento no curto prazo. "Os cenários indicam que temos a oferta suficiente para a demanda do sistema. As medidas estão surtindo efeito e estamos em condições melhores do que no início do mês de agosto", afirmou. Em pronunciamento, no entando, o ministro apelou aos consumidores que evitem o uso de ferro elétrico, ar condicionado e chuveiro nos horários de pico. 

Na avaliação geral dos especialistas ouvidos pelo blog, chama a atenção o gasto do governo com a principal medida de estímulo à economia de energia: o programa que oferece desconto de 10% na conta para quem comprovar a redução de consumo. Considerando o valor médio da conta de luz do brasileiro, estimado em R$160, o desconto seria de apenas R$ 24 – ineficaz para estimular uma redução significativa do consumo.

“E esse programa, se economizar 1000 MW de um pico de quase 80000 MW, vai custar perto de R$350 milhões ao mês”, calcula fonte ligada à indústria. “Uma campanha forte seria muito mais eficiente”. A imagem de Bento Albuquerque, no entanto, é positiva, de pessoa “bem intencionada” e “correta”, "mas não é um formulador". “Deveria contratar a maior campanha de mídia que o país já viu” – iniciativa que deveria ter sido tomada há muito mais tempo.

FONTE R7