Estudo 'Cada hora importa' do Itaú Social mostra o
abismo que há entre estudantes com maior e menor renda no país
Crianças mais pobres, com renda de R$ 145 per capita,
estudam 7 mil horas a menos que aquelas que estão no outro extremo, com renda
de R$ 6.929, o período equivale a 7,9 anos de uma escola regular. Esse é
um dos dados apresentados pela pesquisa “Cada Hora Importa” realizada pelo
Itaú Social.
O estudo analisou os perfis de crianças de 0 a 14 anos, com
famílias em extremos de renda per capita no Brasil. A amostra foi dividida em
dois grupos: os que integram os 10% com menor renda (média per capita de R$
145) e os 10% que estão entre os de maior renda (média per capita de R$ 6.929).
As oportunidades de aprendizado foram separadas em cinco categorias:
aprendizado em família, aprendizado via internet, educação formal, atividades
extracurriculares e oportunidades nas férias.
O estudo, com apoio do Plano CDE, foi baseado no parâmetro
internacional “Every Hour Counts”, que defende o aprendizado fundamentado no
pensamento crítico, resolução de problemas, eficiência na comunicação e
conhecimentos gerais. A iniciativa tem como objetivo promover a educação
integral, que considera as diferentes dimensões do sujeito, criando
oportunidades que contemplem suas necessidades cognitivas, mas também físicas,
sociais e emocionais.
Os pesquisadores usaram como base de cálculo cinco levantamentos
com abrangência nacional para estimar as horas de aprendizado: PNAD 2019
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios); POF 2017-2018 (Pesquisa de
Orçamentos Familiares); Censo Escolar 2019; o estudo Primeiríssima Infância –
Interações 2020 (Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal) e TIC Domicílios 2018.
A partir do estudo Primeiríssima
Infância, foi realizada uma estimativa de horas usando como base a
frequência de leitura e brincadeira com crianças em dias por semana. As
famílias mais ricas leem duas vezes mais para suas crianças do que as mais
pobres (quatro horas semanais contra duas horas). Já a diferença de horas
quando falamos de brincadeiras em família é menor (seis contra cinco horas).
Porém, ao somar o número de horas das duas atividades em um ano, as crianças de
famílias com maior renda abrem uma frente de 43% em relação às de menor renda.
Aprendizado via internet
O estudo considerou a pesquisa “TIC Domicílios”, que investiga o
acesso e os hábitos dos brasileiros em relação ao uso da internet, para
verificar a quantidade de horas que as crianças realizam atividades, pesquisas
escolares e/ou estudam por conta própria. As famílias com rendas menores têm,
num período de 5 anos, apenas 560 horas de aprendizado na internet, contra
1.390 horas daquelas com maior renda, o que equivale a uma diferença de 148%.