Batida entre ônibus e caminhão
matou 42 pessoas no fim de novembro de 2020 e foi considerado o acidente com
maior número de mortes nas rodovias de SP em 22 anos. Motorista do ônibus foi
indiciado por homicídio culposo.
Quase
um ano depois da batida
entre um ônibus e um caminhão que matou 42 pessoas em Taguaí (SP),
três empresas fecharam um acordo perante
o Ministério Público do Trabalho (MPT) se
comprometendo a indenizar em R$ 39 mil as famílias de 40 trabalhadores.
A colisão ocorreu no dia 25 de novembro de 2020 na Rodovia
Alfredo de Oliveira Carvalho (SP-249) e foi considerado o acidente com maior número de mortes nas rodovias de SP em 22 anos.
Os passageiros que estavam
no ônibus eram funcionários de três fábricas de roupas e estavam indo ao
trabalho. A maioria das vítimas tinha saído de
Itaí, cidade a 40 quilômetros de distância. Além de 41 passageiros do
ônibus, o motorista do caminhão também morreu. De acordo com o MPT,
as empresas Prime Jeans, Creative Jeans e Virtual Jeans celebraram Termos de
Ajuste de Conduta (TACs) no fim de setembro. Com isso, elas se comprometeram a
pagar R$ 39 mil para cada família de 40 vítimas, a título de danos materiais e
individuais, de acordo com o vínculo empregatício de cada trabalhador.
O
Ministério Público do Trabalho informou que o montante será pago de forma
parcelada pelo prazo de 26 meses, em parcelas mensais de R$ 1,5 mil.
Apesar
disso, o termo ainda garante que os familiares entrem com reclamação
trabalhista para discutir judicialmente a possibilidade de valores maiores para
reparação. Mas para isso, o MPT informou que os parentes não podem aceitar a
indenização de R$ 39 mil.
Além
da indenização, as empresas se comprometeram a fiscalizar as empresas que
realizam o transporte dos funcionários. Um acordo extrajudicial, firmado pela
procuradora Ana Carolina Marinelli Martins, do MPT em Sorocaba, prevê multa
diária de R$ 500 em caso de descumprimento do acordo.
As
três fábricas onde os passageiros trabalhavam foram indiciadas pela Polícia
Civil em fevereiro deste ano por terem contratado o ônibus que transportava os
funcionários.
Segundo
a polícia, o veículo da empresa de ônibus Star Turismo estava em más condições
e a empresa não tem licença para o transporte de passageiros. Na época, a
defesa alegou que as manutenções do ônibus eram feitas semanalmente.
Além das
empresas, o motorista do
ônibus foi indiciado por homicídio culposo, quando não há
a intenção de matar. A Polícia Civil chegou a essa conclusão depois de receber
um laudo, que aponta que não houve
falha nos freios do veículo, versão dada pelo motorista à polícia.
Apesar dos indiciamentos,
o Ministério Público informou que o inquérito policial ainda está com a Polícia
Civil e aguarda a conclusão das diligências determinadas para dar seguimento ao
processo. Peritos do Instituto de Criminalística fizeram
uma reconstituição 3D da tragédia para ajudar nas
investigações. Os dois veículos envolvidos no acidente bateram de frente às
6h35 no quilômetro 172 da rodovia.
De
acordo com a reconstituição, em uma curva onde é proibido ultrapassar, o ônibus
conduzido por Mauro Aparecido de Oliveira estava atrás de outro ônibus e de um
caminhão.
Dados
do GPS revelam que, naquele momento, Mauro estava acelerando. Cinco minutos
antes, ele dirigia a 49 quilômetros por hora e, depois, praticamente não tirou
o pé do acelerador.
Na
curva, o ônibus que estava à frente foi um pouco para o acostamento. Mauro diz
que foi naquele momento que ele pisou no freio. Na pista contrária havia outro
caminhão, que tentou sair da estrada. Naquele momento, o
ônibus estava a 89 quilômetros por hora.
Para
a polícia e em entrevistas, o
motorista Mauro Aparecido de Oliveira havia falado que
não tentou ultrapassar outro veículo no trecho onde era proibido e que, segundo
ele, houve uma falha mecânica.
Com
a batida, a lateral do caminhão se desprendeu e, como se fosse uma faca,
"rasgou" o ônibus. O motorista do caminhão morreu na hora, 41
passageiros que estavam no ônibus também morreram e dez ficaram feridos.
O
advogado de Mauro, Hamilton Antônio Gianfratti, disse, na época, que há
testemunhas que comprovariam que o freio falhou. A defesa informou que deve
pedir o perdão judicial, ou seja, que a Justiça deixe de aplicar a pena, caso
Mauro seja condenado.FONTE G1